Enquanto lemos este post, podemos ouvir isto
"Por vezes um email enviado às 12.22 para uma amiga com a pergunta "almoçamos?" não envolve necessariamente faca e garfo. Provavelmente melhor teria dito "almoçamo-nos"? Muitas quecas da hora de almoço começam assim. Pelo(a) sacana a tentar a sua sorte, um sorrisinho devolvido por correio electrónico e off we go. Sem testemunhas e a galope entre as 13.00 e as 14.15, para dar tempo de ainda trincar (mais) qualquer coisa. Chega-se logo ao trabalho com outra cor, outra graça. "Nem deu tempo para tirar o relógio do pulso". Uma pessoa ri-se do risco. Do segredo. E finalmente do atrevimento. Redescobre-se o animal sexual. Cantarola-se com orgulho infantil "eu gosto muito de panquecas quecas quecas".
E há dias em que é ao contrário. Não me apetece ser fácil. Há limites para foder com quem não se ama. E depois eu gosto de alguma intimidade. O hábito do cheiro de alguém, conversar em voz baixa, ouvir alguém dormir e soar a normalidade, aceitar fazer parte desse fechar de olhos, com um contacto físico ligeiro, ganhando o direito ao toque sem acordar. Toda a queca é boa e todos somos aperitivos uns dos outros. Mas sem partilha fomos apenas mais uma refeição. Àquela hora que ninguém desconfia e cujo único registo foi um email entretanto convenientemente apagado."
Retirado daqui.